A Eficácia da Oração de Moisés – Por: Richard Owen Roberts

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A Eficácia da Oração de Moisés – Por: Richard Owen Roberts

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Permita que eu conduza seu pensamento e coração para meditar na oração de Moisés que se encontra em Êxodo 32 a 34, e que se desenvolve em quatro segmentos. O cenário é perturbador e familiar, ao mesmo tempo. Moisés estava no monte, na presença de Deus. Lá embaixo, o povo se reuniu em volta de Arão para se queixar, dizendo: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido” (Êx 32.1). É bem provável que você já tenha sentido, ao ler esse texto em ocasiões anteriores, a terrível sensação de desapontamento por Arão ter perdido a grande chance de sua vida de chamar aquele povo extraviado ao arrependimento. Ao invés disso, ele agiu de forma perversa e ordenou que arrancassem os brincos de ouro e os trouxessem para ele. Em seguida, usando esses enfeites, ele modelou um bezerro de ouro. Ao vê-lo, o povo clamou, sem pudor: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”(v. 4). Arão ainda prosseguiu e edificou um altar para esse ídolo desprezível, e o povo dedicou o dia seguinte para fazer sacrifícios, para comer e beber e entregar-se à farra diante de sua abominação (v. 6). As palavras pungentes de Deus para Moisés, ameaçando trazer juízo final a esse povo infiel, são dignas de nota: “Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação” (vv.9-10).

Primeiro Segmento – Súplica ousada baseada na reputação de Deus

É precisamente neste ponto que chegamos à primeira parte de uma oração notável. Ao invés de se afastar, Moisés permanece ousadamente diante do Senhor, rogando e dizendo: “Por que se acende, Senhor, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e poderosa mão?” (v.11). Lembre-se, Deus e Moisés estão no alto do monte e, embora Deus também estivesse na planície e totalmente apercebido do horroroso pecado do seu povo, Moisés ainda não o havia visto e, portanto, não tinha como sentir o que Deus estava sentindo. Entretanto, apesar de sua ignorância, Moisés enuncia o primeiro segmento de uma das orações mais sábias e eficazes que já foi registrada, de todos os tempos. Você já quis saber como se deve orar em favor de um avivamento? A oração a seguir oferece boas lições para seguir: Por que hão de dizer os egípcios: Com maus intentos os tirou, para matá-los nos montes e para consumi-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado, dá-la-ei à vossa descendência, para que a possuam por herança eternamente. (vv.12-13) Quem ousaria pedir a Deus que poupasse as nações de hoje por causa da plenitude de justiça que se vê nelas ou por algum bem que tenham praticado? Com toda a certeza, se Deus destruísse toda a Terra agora mesmo, ninguém seria capaz de acusá-lo de ter agido sem justiça. Entretanto, a petição de Moisés não foi baseada no merecimento do povo e, sim, na fama e reputação do próprio Deus. Seguindo essa mesma linha da oração de Moisés, nós poderíamos pedir a Deus pelos Estados Unidos dizendo: “Ó Deus, não pouparás esta nação? Tu nos agraciaste durante a história com a tua presença, teu poder e tua proteção. Tu nos capacitaste a ser uma das mais poderosas nações da Terra. Os nossos fundadores procuraram estabelecer uma nação cujo Deus fosse o Senhor, com princípios da tua Palavra na constituição e nas leis do país. Os povos do mundo conheceram pelo menos um pouco da nossa herança cristã e dos compromissos que assumimos contigo nos primórdios da nossa história. O que dirão eles se tu nos destruíres? Não perguntarão: ‘Que espécie de Deus é este que investe tanto de si mesmo num povo, somente para destruí-lo duzentos anos depois?’” Do mesmo modo, o povo de Deus em outras nações pode suplicar ao Senhor, lembrando-o de suas muitas misericórdias em ocasiões do passado e pleiteando para que ele, tendo doado tanto de si mesmo na sua pátria, torne a visitá-la para a glória do seu nome. Deus se ofendeu com os argumentos de Moisés? De forma alguma!“Então, se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer ao povo” (v.14). Todos os que conhecem essa passagem lembram que, tão logo Moisés viu com seus próprios olhos o que Deus já havia visto, sentindo algo da fúria e da angústia divinas, ele despedaçou as tábuas de pedra e ordenou a morte de três mil dos participantes daquele grande pecado.

Segundo Segmento – Intercessão sacrificial pelo povo de Deus

No dia seguinte, Moisés disse ao povo: “Vós cometestes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor e, porventura, farei propiciação pelo vosso pecado” (Êx 32.30). Moisés, então, voltou à presença do Senhor (vv.31-32) e disse: “Ora, o povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste” Você consegue perceber o significado da expressão “se não” nesta frase? Você pode imaginar um homem ou uma mulher comprometidos com Deus fazendo uma oração dessas de forma superficial, irresponsável? Mas Deus não exigiu que o nome de Moisés fosse riscado do seu livro. De fato, sua resposta foi: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (v.33). Em resposta à súplica de Moisés, Deus desistiu de executar juízo final contra todo o povo. Porém, impôs outro tipo de sentença, o que chamamos de juízo corretivo, uma medida que tem o objetivo de conduzir o povo ao arrependimento. Nesse caso, o juízo era que o Senhor não acompanharia mais pessoalmente o povo, como anteriormente. Ao contrário, enviaria um anjo adiante deles, declarando explicitamente que, por causa de sua obstinação e teimosia, ele não poderia mais estar presente para não acabar destruindo-os no caminho (Êx 32.34 a 33.3).

 Terceiro Segmento – Clamor incessante pela presença de Deus

A próxima parte da oração de Moisés começa com uma ação extraordinária. Havia uma tenda armada fora do acampamento que era chamada a tenda do encontro [geralmente traduzida tenda da congregação nas versões em português]. Quem quisesse consultar o Senhor precisava sair do acampamento para ir a essa tenda (33.7). Então Moisés disse ao Senhor: “Tu me dizes: Faze subir este povo, porém não me deste saber a quem hás de enviar comigo; contudo, disseste: Conheço-te pelo teu nome; também achaste graça aos meus olhos. Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu povo” (vv.12-13). Quando Deus graciosamente afirma: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso”, Moisés imediatamente responde: Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (vv.15-16). Que profundidade e poder para argumentar assim com Deus! Por que é que bilhões de pessoas no mundo hoje não acreditam no cristianismo? Com certeza, para a maioria, é porque não acreditam nos cristãos. E por que não acreditam nos cristãos? Porque não existe neles a marca que distingue o cristianismo – a presença manifesta de Deus no meio do seu povo! Não tente argumentar que Deus está conosco hoje como sempre esteve. Se ele estivesse, seríamos um povo santo porque ele é um Deus santo. O simples fato de que a moralidade da Igreja é quase idêntica à moralidade do mundo é evidência acachapante de que Deus retirou de nós a sua presença. Em vez de fingir, vamos argumentar como Moisés argumentou e suplicar diante de Deus dizendo: “Se não fores conosco, nós não vamos a lugar algum! A única maneira que o mundo tem de nos diferenciar deles é quando a tua presença é manifesta entre nós. Quando dizemos a eles que tu és o nosso Deus e que nós somos o teu povo, eles não acreditam porque não conseguem ver a evidência da tua presença conosco. Eles acreditam que somos exatamente iguais porque a marca que distingue o teu povo não está presente em nós. Por isso, suplicamos-te, nosso Deus, que voltes a estar conosco com manifestação do teu poder e presença.” E como Deus respondeu dessa vez? “Farei também isto que disseste; porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu nome” (v.17).

Quarto Segmento – Desejo apaixonado de ver a glória de Deus

Depois de conseguir tamanhas respostas de Deus, Moisés ficou contente? Não! Reconhecendo que havia conquistado uma nova base para orar e interceder, e que Deus estava não somente ouvindo, mas também respondendo suas orações, ele se apressou em fazer outro pedido: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (v.18). Então Deus, na magnificência de sua misericórdia, convidou Moisés para voltar ao monte, onde, escondido na fenda de uma rocha e coberto pela mão de Deus, o próprio Senhor Deus Onipotente faria passar toda a sua glória diante dele (Êx 33.19 a 34.7). E, imediatamente, curvando-se Moisés para a terra, o adorou; e disse: Senhor, se, agora, achei graça aos teus olhos, segue em nosso meio conosco; porque este povo é de dura cerviz. Perdoa a nossa iniquidade e o nosso pecado e toma-nos por tua herança” (34.8-9). Oh, que possamos orar como Moisés orou! Oh, que possamos lutar como Moisés lutou! Oh, que possamos ser eficazes na oração como Moisés foi! Com certeza, essa é a nossa missão! Surpreendentemente, esse é, também, o nosso privilégio!

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