Última Palavra de Cristo na Cruz – Charles Spurgeon

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Última Palavra de Cristo na Cruz – Charles Spurgeon

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     Então Jesus, clamando em alta voz, disse: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito. E havendo dito isso, expirou”.

Lucas 23: 46.

         Estas foram as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo ao morrer: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”.

 

É digno de advertir-se que as últimas palavras que nosso Senhor expressou, foram tomadas das Escrituras.

Esta frase é tomada – e me atrevo a dizer que a maioria de vocês o sabe – do Salmo 31, do versículo cinco. Jesus não era daqueles que tem pouca consideração pela Palavra de Deus. Estava saturado dela. Estava tão cheio da Escritura como a lã de Gideão estava cheia de orvalho. Não podia falar, nem sequer em Sua morte, sem citar a Escritura. Assim é como Davi o expressou: “Em tuas mãos entrego meu espírito; tu me tens redimido, oh Jeová, Deus de verdade”.

Agora, amados, o Salvador alterou essa passagem, pois do contrário não se haveria adequado a Ele. Vocês vem que primeiro Ele foi obrigado a agregar-lhe algo, a fim de que se adequasse ao Seu próprio caso? Que foi o que lhe agregou? Pois bem, essa palavra: “Pai”. Davi disse: “Em tuas mãos entrego meu espírito”; mas Jesus disse: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”. É um avanço abençoado! Ele sabia mais do que Davi sabia, pois Ele era mais Filho de Deus do que Davi poderia ser. Ele era o Filho de Deus em um sentido mui excelso e especial por filiação eterna; e assim começou a oração com: “Pai”. Mas logo ocultou algo. Era necessário que o fizesse. Pois Davi disse: “Em tuas mãos entrego meu espírito, tu tens me redimido”. Nosso bendito Mestre não foi redimido, pois Ele é o Redentor, e poderia ter dito: “Em tuas mãos entrego meu espírito, pois redimi meu povo”, mas decidiu não dizer isso. Ele simplesmente tomou aquela parte que se lhe adequava, e a usou como Sua: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”.

Oh, meus irmãos, vocês não fariam nada melhor, depois de tudo, que citar a Escritura, especialmente em oração. Não há orações tão boas como aquelas que estão saturadas da palavra de Deus. Que toda nossa conversação estivesse temperada com textos! Eu desejaria que estivessem mais. Nós riamos de nossos antepassados puritanos porque os próprios nomes de seus filhos eram selecionados de passagens da Escritura, mas eu, de minha parte, preferiria que rissem de mim por falar muito da Escritura do que por falar tanto de novelas sem nenhum valor, romances com os quais – me envergonho dizer – são preenchidos muitos sermões de nossos dias, sim, preenchidos por novelas que não são aptas para serem lidas por homens decentes e que estão revestidas de tal maneira, que dificilmente se sabe se você está ouvindo acerca de um feito histórico ou unicamente de uma peça de ficção cientifica. Livra-nos, bom Deus, de tal abominação.

Podem ver, então, quão bem o Salvador usou a Escritura, e como, desde Sua primeira batalha com o diabo no deserto até Sua última luta com a morte na cruz, Sua arma sempre foi: “Está escrito”.

Aprendam esta doutrina: que se Deus é nosso Pai, e nós consideramos como ir para casa quando morrermos porque vamos a Ele, então, Ele nos receberá. Não há nenhuma insinuação de que podemos entregar nosso espírito a Deus, e que, contudo, Ele não nos receberá. Recordem como Estevão clamou sob uma chuva de pedras: “Senhor Jesus, recebe meu espírito”. De qualquer maneira que morremos, temos de fazer dessa nossa última emoção ainda que não seja nossa última expressão: “Pai, recebe meu espírito”. Não receberá nosso Pai celestial a Seus filhos? Se vocês, sendo maus, recebem a seus filhos ao cair da noite quando voltam para casa para dormir, seu Pai que está no céu não o receberá quando seu dia de labuta esteja concluído? Essa é a doutrina que temos que aprender desta última palavra da cruz: a Paternidade de Deus e tudo o que provém dela para os crentes.

( Trechos do Sermão de Charles Spurgeon)

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